segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Reportagem do caderno Meu filho, encartado no Jornal ZH.

Olá pessoal!
A entrevista que transcrevemos abaixo é muito interessante e reflete a preocupação da nossa escola também. O exagero na busca da performance "perfeita" das crianças gera muitas frustrações e infelicidades para os pequenos e também para as famílias. É preciso que estejamos a todo momento revendo nossas atitudes, para que a nossa ansiedade não interfira no desenvolvimento das crianças.
Em relação a super proteção, também acreditamos que ela é nociva, pois passa uma idéia de incapacidade. É preciso ajudar as crianças a terem autonomia e isso se constrói no dia a dia, respeitando a individualide e reservando um espaço, onde as crianças possam exercê-la.


UM PAPINHO COM
Carl Honoré, autor do livro "Sob Pressão"
As crianças de hoje não podem vacilar: estão sob constante pressão dos pais, da escola, de si mesmas. A preocupação excessiva com o desempenho dos filhos em um mundo cada vez mais competitivo os faz ter uma agenda repleta de compromissos. No livro SOB PRESSÃO, o escocês Carl Honoré, também autor de Devagar, analisa essa conduta e reflete sobre as consequências negativas de adotarmos um comportamento obsessivo com relação à educação das crianças. O livro deve ser lançado na próxima segunda, dia 21, pela Editora Record (368 páginas). Conversamos com o autor sobre essa relação de “força” entre pais e filhos.

Meu Filho – Na sua opinião, por que a sociedade moderna tem transformado pais em pessoas superprotetoras?Carl Honoré – Chegamos na época em que sentimos uma imensa pressão para darmos às crianças o melhor que temos e para transformá-las em pessoas cada vez melhores. Queremos uma infância perfeita devido a um número ilimitado de tendências culturais.A globalização trouxe mais competição para o mercado de trabalho, o que gera ansiedade aos pais, que desde cedo imaginam como será a vida adulta das crianças. O consumismo também cresceu, o que nos trouxe expectativas: queremos dentes perfeitos, cabelos lisos, corpos impecáveis, casas maravilhosas. E a criança é um retrato disso também.A própria demografia transforma a sociedade. As famílias ficaram menores, o que significa que temos mais dinheiro para mimar as crianças, e os pais estão mais ansiosos porque famílias pequenas representam menos experiência na hora de educar e criar um filho. Criamos a cultura do tudo ou nada. Você é rico ou pobre, vencedor ou perdedor. A pressão não é apenas nas crianças, mas nos pais também.Meu Filho – Quais os inconvenientes dessa nova relação?Honoré – Crianças que crescem sob pressão são geralmente menos criativas. Elas ficam mais preocupadas em fazer aquilo que os adultos querem e dificilmente assumem riscos e cometem erros. Assim, é difícil pensarem em si mesmas. Há também um estresse maior e você percebe que há cada vez mais crianças com doenças relacionadas à pressão, como dores de cabeça, dores de estômago e diarreia. A depressão, a ansiedade (podendo levar às vezes ao suicídio) e o abuso de drogas também são comuns nestes casos. Além disso, crianças que têm a vida organizada todo o tempo por um adulto correm o risco de ficar dependentes e de ter dificuldade para crescer. É preciso saber cortar o cordão umbilical.Meu Filho – Como os pais podem se dar conta de que estão exagerando?Honoré – Há muitos sinais. Se a criança demonstra cansaço o tempo todo, tem olheiras e desânimo, possivelmente está sofrendo com a pressão.Se nunca fala sobre as atividades extracurriculares, se não corre alguns riscos típicos da idade, como brincar na pracinha em brinquedos mais arriscados, pode ser sinal de superproteção dos pais. Quando se entedia facilmente, pode ser sinal de que ela não está tendo tempo suficiente, espaço e liberdade para viver consigo mesma.Meu Filho – Quais as vantagens de libertar-se das pressões?Honoré – A criança precisa de tempo e espaço para explorar o mundo de sua forma, da maneira que pensa, socializa e imagina as coisas. Ela precisa ter prazer em suas atividades, trabalhar da maneira que é, em vez de ficar fazendo somente as coisas que os adultos querem. A criança que cresce com esta liberdade será mais forte, independente, saudável e mais preparada para se tornar adulta. E isso é realmente o que queremos para nossas crianças, não?

Nenhum comentário:

Postar um comentário